Por
Reinaldo Canto
No
final de novembro a organização Carbon Diclousure
Program - CDP reuniu empresas e representantes
de cidade em diversos países para dialogar sobre
exemplos de boas ações em mitigação
das mudanças climáticas e em uma economia
de baixo carbono. O evento realizado em 30/11, no Teatro
Vivo, em São Paulo mostrou que existem experiências
em lugares bastante diversos como metrópoles brasileiras,
municípios médios e cidades latino-americanas.
O
encontro, que reuniu empresas, gestores públicos
e organizações da sociedade civil, o discurso
proposto foi de otimismo, há sinais suficientes
para uma transição para uma economia de
baixo carbono, afirmou Juliana Lopes, diretora do
CDP Latin America. Ela deixou claro que ainda falta muito
para alcançar resultados que sejam capazes de segurar
o aumento médio da temperatura do planeta somente
em 2ºC. Os recentes números apresentados na
Conferência do Clima na Alemanha (COP 23/Bonn) que
deram conta do aumento das emissões nos últimos
anos é o exemplo mais claro, esse é
o maior desafio da nossa geração,
enfatizou Dal Marcondes, diretor-executivo da Envolverde,
ao abrir os trabalhos do encontro mediando a primeira
mesa de discussões.
Durante
um dia inteiro o Conexão CDP propôs exatamente
esse enfrentamento convergindo à atuação
dos atores capazes de transformar a realidade e construir
um novo caminho. Para isso, é preciso que todos
sejam apresentados, busquem sinergias e, claro cheguem
também aos financiadores que desejam e precisam
investir em bons projetos.
Experiências
que inspiram
Na
primeira parte do Conexão CDP foram relatadas iniciativas
internacionais de cidades que tem obtido bons resultados
no combate às mudanças climáticas
e que concomitantemente resultam em melhoria na qualidade
de vida de seus moradores.
Lucía
Yolanda Alonso, diretora geral de planejamento e coordenação
de políticas do governo da Cidade do México,
uma das mais importantes e poluídas cidades da
América Latina, afirmou que os mexicanos da capital
estão comprometidos com ações climáticas.
Estamos focados na transição para
energias renováveis, exemplificou Lucia,
destacando os benefícios que essas mudanças
trazem para a população, projetos
ambientais tem conexão direta com a qualidade de
vida das pessoas, completou a mexicana. Entre os
diversos programas podemos destacar as políticas
que visam controlar a poluição atmosférica
como a de controle veicular de motores verificados duas
vezes ao ano e o manejo de recursos naturais como a conservação
de espécies endêmicas (cerca de 60% da Cidade
do México possui atividades agropecuárias).
Mas o que chamou a atenção foi o projeto
de bônus verdes que tem obtido ótimos resultados
para os investidores graças à transparência
das informações e efetividade na aplicação
dos recursos. Um bom exemplo é a destinação
desse dinheiro em apoio ao transporte público e
investimentos em novas linhas de BRT (Bus Rapid Transit).
Green
bounds ou se preferirem bônus verdes também
aparecem como aposta de Washington, capital norte-americana,
cujos detalhes foram apresentados por Gabriel Thoumi,
diretor da Climate Advisers. Como no caso dos Estados
Unidos, Gabriel acha que importante também é
alertar e orientar os investidores quanto as melhores
opções, procuramos passar informações
sobre os riscos econômicos das mudanças climáticas,
explica ele, e completa. eles precisam ser bem entendidos
e que além do mais deixar claro que eles representam
boas oportunidades de negócios com reais possibilidades
de se obter lucro. A comercialização
de títulos de green bounds com vencimento de 100
anos foi apontado, pelo norte-americano, como um exemplo
concreto da aposta de longo prazo dos investidores.
Infográfico
do CDP revela o longo trajeto que ainda temos pela frente
O
CDP aproveitou o encontro para lançar um infográfico
inédito com indicadores de como empresas e cidades
na América Latina gerenciam recursos sustentáveis.
Segundo Lauro Marins, Gerente Sênior de Relacionamento
com as Empresas, o Infográfico também
tem a missão de popularizar e descomplicar as informações
para que sejam facilmente entendidos por todos.
Com o Infográfico foi possível saber que
das 155 cidades consultadas, 38 reportaram suas emissões,
oito delas possuem metas de redução de emissões
e outras 32 administrações municipais firmaram
compromisso de reduzir em breve as suas emissões.
Um dado promissor foi o de que 70% das cidades consultadas
enxergam oportunidades de bons negócios na transição
para uma economia de baixo carbono.
Em
relação ao setor privado, das 95 empresas
presentes no infográfico 70% possuem metas de redução
das emissões. Uma informação muito
relevante mostrada no Infográfico foi que as ações
listadas com investimentos na ordem de R$ 896 milhões
para melhoria nos processos produtivos incindiram em uma
economia de R$ 3,6 bilhões.
Para
o gerente Lauro Marins do CDP, o Infográfico apresenta
algumas boas notícias, mas deixa claro que muita
coisa ainda precisa ser feita, tanto em relação
a cidades como empresas é preciso um maior engajamento
e mais trabalho para chegar onde queremos e desejamos.
Rick
Stathers, Head Global de Iniciativas com Investidores
do CDP enfatizou em sua apresentação a evolução
do investimento responsável e acredita que levar
mais informações para a comunidade global,
premiar e reconhecer os esforços de empresas e
lideranças que tem liderado esse processo é
fundamental, além é claro, apontar os riscos
para aqueles que acham desnecessárias ações
de mitigação, a biocapacidade do planeta
de suportar os altos níveis de consumo e de desperdício
já foi superada e as consequências estão
aí como as mudanças climáticas e
a acidificação dos oceanos, por exemplo.
Um outro ponto destacado por ele foi o de que o mercado
de capitais precisa reconhecer os riscos financeiros desses
impactos e envidar esforços e claro investimentos
naqueles responsáveis por projetos sustentáveis.
Exatamente
por isso, o CDP elegeu empresas como MRV e Braskem e cidades
tais como Niterói e Rio de Janeiro, La Serena (Chile)
e Cidade do México (a melhor da América
Latina) para serem premiadas por projetos de sustentabilidade
que já conseguem obter ótimos resultados.
Luiz
Carlos Xavier, gerente de Desenvolvimento Sustentável
da Braskem, destacou a participação no Conexão
CDP como a oportunidade de, encontrar opções
e alternativas entre o poder público e a iniciativa
privada buscando soluções para caminhar
juntos em prol da sustentabilidade.
Troca
de informações e experiências
No
que poderemos chamar de segunda parte do Conexão
CDP as experiências, boas práticas e ações
sustentáveis puderam ser trocadas e discutidas
entre os participantes. Nas Rodas de Negócios de
20 minutos cada foram colocados frente a frente empresas,
cidades e investidores para aproximar e facilitar os contatos
e possíveis parcerias.
Entre
números, bons exemplos e riscos cada vez maiores,
o Conexão CDP deixou claro que o enfrentamento
do aquecimento global e das mudanças climáticas
terá que ser uma missão de todos. Impactos
globais exigem ações globais, mas que começam
na cidade, na empresa, mas para chegar a toda sociedade
é preciso também o engajamento do setor
financeiro, do capital que investe e tem o poder de alavancar
e expandir os bons projetos. O CDP Conexão contribuiu
para apresentar alguns desses caminhos bastando agora
o engajamento de mais investidores conscientes para a
roda da história girar no sentido certo!
O
CDP é uma organização internacional
sem fins lucrativos, formada por grandes investidores
interessados na avaliação do desempenho
das empresas em função dos desafios ambientais
de mudanças climáticas, recursos hídricos
e florestas. Atualmente é formada por 827 investidores
que administram um total de US$ 100 trilhões em
ativos. A organização tem ainda em sua base
de respondentes mais de 570 cidades no mundo todo reportando
seus dados em 2017. (CDP/Envolverde)
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