Por
Reinaldo Canto
Vivemos
tempos interessantes, para dizer o mínimo. A falta
de bom senso leva o mundo, nossas lideranças e
mesmo as pessoas comuns a agir de maneira irracional e
até mesmo contrária aos seus próprios
interesses.
Estão
aí o Brexit, a rejeição ao acordo
de paz colombiano, a indicação do bufão
Donald Trump como candidato à presidência
dos Estados Unidos e as atrocidades da guerra na Síria.
Isso para ficarmos apenas em alguns exemplos recentes
e mais emblemáticos.
Nessa
equação entram também as poucas vozes
que ainda insistem em considerar o aquecimento global
e as mudanças climáticas como uma ficção
ou até mesmo como algo verdadeiro, mas sem importância.
Claro
que agora só os muito insanos ou com grandes interesses
econômicos é que ainda se manifestam contrariamente
aos ululantes indicadores de que o planeta está
cada vez mais quente.
Felizmente
para nós, a ratificação do Acordo
de Paris ocorreu em tempo recorde. Agora os países,
entre eles os maiores emissores de gases de efeito estufa
no mundo, começam a colocar em prática seus
planos de reduzir sua contribuição para
as mudanças climáticas.
E,
se ainda faltava entender melhor os perigos associados
ao uso intensivo de combustíveis fósseis,
à destruição do meio ambiente e ao
crescimento desordenado, um novo e poderoso argumento
surgiu em um relatório da Organização
Mundial da Saúde (OMS).
O
estudo constatou que cerca de 92% da população
mundial vivem em áreas com qualidade do ar inferior
aos padrões recomendados.
Para
chegar a essa conclusão, a OMS, órgão
das Nações Unidas, em parceria com a Universidade
Bath, do Reino Unido, utilizou uma tecnologia que obtêm
dados por meio de sensores bastante sensíveis de
monitoramento terrestre e de movimentação
do ar instalados em satélites.
E,
lá de cima, foi possível constatar que as
áreas mais atingidas pela poluição,
com volume de partículas finas em suspensão
maior que os estabelecidos como seguros, estão
cidades do Oriente Médio, outras localizadas no
sul e sudeste da Ásia, incluindo aí China
e Índia, os dois países com maior população
do mundo e também cidades do centro e norte da
África.
O
Brasil não escapa dessa poluição,
mas apresenta um ar de qualidade mais razoável.
De qualquer maneira, se as cidades litorâneas do
Nordeste e mesmo a capital Brasília apresentam
baixos índices de partículas suspensas no
ar. Já São Paulo e grande parte do estado
do Mato Grosso registram poluição atmosférica
mais alta que o recomendado pela OMS.
Entre
as principais razões para o agravamento dessa poluição
estão as atividades industriais: a queima de carvão
e madeira, os sistemas de transporte antiquados e ineficientes
e a incineração de lixo.
Das
soluções apresentadas pela Organização
Mundial da Saúde para começar a reverter
esse quadro, muitas mantem uma relação direta
com o combate às mudanças climáticas
e ao aquecimento global.
Entre
elas, investimento em energias renováveis, o incentivo
ao transporte público eficiente e menos poluente,
a redução das atividades industriais e a
gestão eficiente dos resíduos sólidos.
Uma
coisa está ligada invariavelmente a outra. Poluição
e aquecimento global atuam em consonância para provocar
danos irreparáveis à saúde das pessoas.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde, a
poluição é responsável, por
uma a cada nove mortes no planeta. São 36% das
mortes por câncer de pulmão, 34% por AVC.
A poluição ainda contribui para 27% dos
ataques cardíacos fatais.
Podemos
acrescentar que, além de contribuir para a redução
da sensação térmica, cidades com
áreas verdes também ajudam a combater a
poluição, entre outros inestimáveis
benefícios.
A
cada dia recebemos, mais e mais, informações
que revelam que, quanto mais longe de um mundo mais sustentável,
justo e equilibrado, mais distante também estaremos
de uma vida plena e saudável.
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